domingo, 28 de novembro de 2010

Ney Matogrosso - Poema ( Cazuza - Frejat )

POEMA

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

Composição: Cazuza / Frejat

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Curando relacionamentos




Curar nossos relacionamentos é a nossa própria escolha, já que na verdade não são os outros que estamos perdoando realmente.
São apenas nossas próprias atitudes e julgamentos a respeito deles que precisam ser perdoados
São os nossos pensamentos e julgamentos hoje, e não mais a outra pessoa, que nos causam dor no presente.
E já que estes pensamentos e julgamentos são nossos, apenas nossos, somos nós que precisamos nos empenhar em perdoar, em mudar nossa mente e nos libertar das queixas passadas.



É POSSIVEL CURAR TODOS OS RELACIONAMENTOS?
Sim!


É possível curar não apenas alguns, mas todos os nossos relacionamentos.
Podemos fazê-lo desistindo de qualquer forma preconcebida, ou dos roteiros mentais que tenhamos escrito sobre os outros
Podemos fazer isso nos dispondo a acabar com todas as queixas e pensamentos de agressividade.
E podemos fazer isso por meio do processo do perdão



* Reconhecendo que não somos vítimas dos nossos relacionamentos e, sim, participantes deles.
* Optando por ver os outros como seres que nos amam ou, caso os percebamos como nossos agressores, optando por vê-los como seres cheios de medo
*Lembrando que aquilo que percebemos nos outros e no mundo exterior é uma projeção dos pensamentos - quer positivos quer negativos - contidos em nossa mente.
* Tornando-nos "buscadores de amor" em vez de "buscadores de defeitos".
* Direcionando a nós mesmos e escolhendo ser interiormente pacíficos, não importando o que esteja acontecendo fora de nós..
Podemos começar a reconhecer que a cura dos nossos relacionamentos está diretamente ligada à Cura das Atitudes que estamos conservando em nossa mente a respeito desses relacionamentos.



AFIRMAÇÕES

1-Escolho curar meu relacionamento comigo mesmo deixando que o hábito de julgar a mim mesmo se vá.
2 - Escolho unir-me aos outros, em vez de me separar deles, abandonando meus julgamentos sobre eles.
3 - Escolho rasgar todos os roteiros que escrevi para o modo como acho que as pessoas deveriam ser em minha vida.
4 - Escolho lembrar que o que realmente conta em meus relacionamentos não é quanto eu faço ou digo... mas sim com quanto amor eu faço ou digo.
5 - As palavras que eu escolho em minhas comunicações sempre determinam se minha intenção é unir ou separar.
6 - Hoje, eu escolho lembrar-me de que realmente mereço o direito de ser feliz.
7 - Hoje, eu escolho desistir de me sentir uma vítima dos meus relacionamentos e assumirei a responsabilidade por minha vida.
8 - Sempre que ficar preso no passado ou no futuro, escolherei lembrar-me de que o amor só pode ser vivenciado no presente.
9 - Posso optar pelo amor em vez do medo, em todos os meus relacionamentos.

O inimigo não está a nossa frente, mas dentro de nós. Defesas refletem feridas. Ataques são gritos por amor. Relacionamentos são oportunidades de saber quem somos.




Gerald Jampolsky e Diane Cirincione

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"- Mas o que chamas de paz se pressinto em ti essa coisa mansa que se faz nos outros e em cada momento que te olho inúmeras coisas escuras escorrem dentro de mim pois se a paz não é uma coisa escura pois senão não continuarei não te farei nenhuma pergunta embora precisasse não para te definir ou para te compreender não preciso saber de onde vens assim como para me definires ou me compreenderes não precisas de nenhum dado concreto mas eu não te defino nem te compreendo apenas sei que chegaste e que esta tua chegada modificará em mim todas as coisas que se tornaram suaves todas as cordialidades ou amenidades que construí nesse tempo de absoluta sede ansiava por ti como quem anseia pela salvação ou pela perdição porque qualquer coisa poderia me salvar desta imobilidade que me devasta por dentro te direi apenas para sobreviver mas já não quero sobreviver já não quero apenas ir adiante é preciso que qualquer coisa abata esta letargia porque já não admiro precariedades por que não sei o que digo nem o que sinto mas persistirei no que pressinto ainda que tudo isso seja um lento processo de morte um enveredar em direção ao mais terrível vejo em ti o meu roteiro de agonia além disso nada sei mas não fujo foram muito poucas as coisas que vivi percebo que não cheguei a existir exatamente mas não sou forte apenas construí de minhas fraquezas essa coisa que talvez chamasses força há muito tempo eu permanecia esquecido de mim mesmo foi preciso que chegasses para eu perceber que somente destruindo se pode construir agora eu quero a destuição que me propões mas não propões nada deixas que eu enverede sozinho é assim que sei que não me deixarás sozinho sei que temos pouco tempo nesse pouco tempo é preciso que todos percebam em ti que nunca viram e somente no último momento possam ver a tua face essa face terrível que todos suspeitam terrível mas eu reivindico a posse desse terrível porque me sei capaz de suportá-lo não falta muito tempo agradeço por me teres dado a consciência da minha inutilidade mas eu nada sei nada conheço do que falo mesmo assim estou pronto embora sem compreender inteiramente sim semearemos a fome e a discórdia semearemos o que eles não seriam capazes de viver se não chegasses não me esquivarei vejo a tua mão estendida em direção a mim e estendo a minha própria mão e minha mão e tua mão se tocam e a minha espera e a tua conduz sim preparo-me para o grande mergulho no desconhecido:"
O Afogado (Capítulo V - Caio Fernando Abreu)

domingo, 14 de novembro de 2010

Que é a vida? Este inferno de amar?

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? eu que fiz? - Não o sei;
Mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Em busca da cura...


Espero que passe...


“Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada ‘impulso vital’. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como ‘estou contente outra vez’”
Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Clarice e eu... Eu e Clarice...


"Um domingo de tarde sozinha em casa dobrei-me para frente - como em dores de parto - e vi que a menina em mim estava morrendo.
Nunca esquecerei esse domingo. Para cicatrizar levou dias.
E eis-me aqui. Dura, silenciosa e heróica.
Sem menina dentro de mim."

Clarisse Lispector